A Forma da Terra: Algumas evidências
Parece exagero, quando dizemos que temos que relembrar sobre o formato do nosso planeta, porém não é. Os tempos mudam, mas alguns conhecimentos falsos, ainda permanecem. Principalmente hoje em dia, por conta da internet esses tais conhecimentos estão se espalhando.
Os estudos sobre a Terra e seu formato não são recentes, Aristóteles já apontava evidências de que o planeta no qual vivemos não era plano. Ele fez um livro chamado "De Caelo" que significa "sobre o céu" o qual mostrava evidências, que argumentavam sobre a Terra ser uma orbe (esfera).
A água, por exemplo, seria contida em uma esfera ao redor da Terra, explicando a existência dos mares. Enquanto isso, o ar ocuparia o espaço acima da água, devido à sua leveza, e o fogo estaria ainda mais acima, na camada sublunar.
Essas hipóteses aristotélicas, embora baseadas em
observações empíricas da época, ajudaram a resolver paradoxos como a aparente
ausência de queda dos viajantes em direção ao horizonte e o afundamento
percebido de barcos que se afastam. Além disso, explicam fenômenos como a
sombra da Terra na lua durante um eclipse e a visualização de constelações em
diferentes hemisférios, evidenciando a esfericidade da Terra.
1) Eclipses Lunares
Uma das principais comprovações que Aristóteles fez para provar que a Terra é esférica, por meio da observação, é analisando os eclipses lunares.
Desde os tempos antigos, foi aceito que a Lua não emite sua própria luz, mas sim reflete a luz do Sol. Essa ideia foi proposta pela primeira vez pelo filósofo grego Anaxágoras por volta de 500-428 a.C. Essa compreensão foi corroborada por observações posteriores, incluindo a análise de eclipses lunares.
Durante um eclipse lunar total, quando a Lua passa pela sombra mais escura da Terra (chamada umbra), observa-se que a sombra projetada na superfície lunar assume sempre a forma de um arco circular. Esse fenômeno é resultado da geometria da órbita terrestre e da maneira como a luz solar é bloqueada pela Terra. A sombra da Terra é projetada na Lua como um arco devido à curvatura da superfície terrestre e à posição relativa dos três corpos celestes: Terra, Lua e Sol.
Essa observação da sombra da Terra na Lua durante eclipses lunares totais fornece uma evidência visual direta da forma esférica da Terra. O arco circular da sombra terrestre na Lua é uma consequência natural da curvatura da Terra e demonstra de maneira convincente que nosso planeta possui uma forma esférica. Essa evidência visual complementa as conclusões teóricas e científicas sobre a forma da Terra, reforçando ainda mais nossa compreensão da estrutura do nosso mundo.
Erastósthenes, o pai da Geografia, nasceu em Cirene (na atual Líbia) em 276 a.C. e passou a maior parte da sua vida em Alexandria (Egito), tendo sido diretor da sua famosa biblioteca. Faleceu em 194 a.C.
Erastósthenes ficou famoso na antiguidade pelo seu método de determinar o tamanho da Terra. Os factos que usou foram:
- No primeiro dia de Verão, na cidade de Assuão (no Egito) o Sol ao meio-dia está na vertical da cidade;
- No mesmo dia e à mesma hora, na cidade de Alexandria, o ângulo entre uma vara colocada na vertical e linha que une a extremidade de cima à ponta da sombra é de 1⁄50 de uma volta completa;
- Assuão fica exatamente a Sul de Alexandria;
- A distância entre as duas cidades é de cerca de 800 km.
Usando estes factos, Erastósthenes concluiu que a Terra tem 40.000 km de perímetro. Para chegar a esta conclusão, Erastósthenes observou que se podiam encarar os raios luminosos provenientes do Sol como sendo linhas paralelas. Então (veja-se a figura abaixo) a amplitude (representada na figura pela letra φ) do ângulo Assuão—Centro da Terra—Alexandria é igual à do ângulo que os raios de Sol em Alexandria fazem com a vertical, ou seja, é de 1⁄50 de uma volta completa. Logo o perímetro da Terra é de 50×800 km, ou seja, é de 40.000 km.(Universidade do Porto)
Talvez em alguma ocasião você já se perguntou qual era o tamanho do planeta Terra. O que você faria se fosse desafiado a medi-lo com seus próprios esforços? Sim, e isso significa que você não poderá usar o Google Earth, GPS, ou qualquer outra ferramenta tecnológica, acha que é possível descobrir essa medida? Acontece que um homem muito inteligente chamado Erastósthenes conseguiu descobrir e isso há mais de 2200 anos atrás! Neste texto vamos lhe explicar tudo, confira!
Começaremos revendo um conceito matemático simples. Lembre-se de que duas linhas ou retas são paralelas se não são cortados em nenhum ponto, isto é, se têm a mesma direção. Na imagem, você pode ver as retas de A e B, que são paralelas.
Agora traçamos uma
reta C que corta nossas retas paralelas e
como resultado disso se formam vários ângulos como mostramos na figura.
Na imagem anterior
destacamos dois ângulos marcados com as letras a e b , que chamaremos de ângulos internos alternados. Há um princípio
geométrico que afirma a igualdade destes dois ângulos. Isto é, qualquer que
seja a inclinação da reta C a medida dos
ângulos a e b sempre será igual. Isso nos ajudará a
entender como Erastósthenes conseguiu cumprir seu desejo. Vejamos quem foi esse
ilustre personagem e como ele fez isso.
Enquanto Erastósthenes estudava alguns pergaminhos da biblioteca, descobriu que na antiga cidade de Siena (agora Aswan, Egito), nos solstícios de verão ao meio-dia exatamente as sombras não eram projetadas. No entanto, este fenômeno não acontecia em Alexandria, pois lá as sombras eram projetadas ao meio-dia nos solstícios. Este fato sugeriu a Erastósthenes que a Terra era redonda e não plana como se acreditava até então, pois se fosse plana em Alexandria também não poderia haver projeção de sombras naquele momento.
Foi neste momento que Erastósthenes usou toda a sua criatividade, pondo um pequeno pedaço de pau da forma mais vertical possível no chão na cidade de Alexandria. Ao meio-dia do solstício de verão mediu a sombra que este projetava como mostramos na figura.
Como ele sabia que a altura da madeira que tinha posto no chão e o comprimento da sombra, pode determinar a extensão do ângulo a, naquela hora.
Agora, assumindo, assim como fez Erastósthenes, que o sol está longe o suficiente da Terra, podemos supor que os raios do sol que chegam à Alexandria são paralelos aos raios do sol que atingem Siena. Representamos essa situação da seguinte forma:
Você se lembra do
princípio geométrico que vimos no início do artigo? Veja que as condições de
paralelismo descritas são atendidas neste caso: os raios do sol que passam por
Alexandria e Siena desempenham o papel de retas paralelas. Além disso, podemos
imaginar que o pedaço de madeira de Erastósthenes forma uma reta que corta as
duas paralelas, fazendo com que os ângulos a e b sejam internos alternados, e,
portanto, que tenham a mesma medida.
Portanto, a distância entre Alexandria e Siena também deveria ser de uma quinquagésima parte da circunferência da Terra. Desta forma se ele pudesse saber a distância entre Siena e Alexandria, apenas teria que multiplicar isso por cinquenta e o resultado seria a medida da circunferência da Terra
Com o seu próprio dinheiro Erastósthenes pagou para medir a distância entre as duas cidades, alguns dizem que quem fez isso foi uma caravana de comerciantes, outros falam de militares, e outros que um dos seus servos caminhou de uma cidade para outra contando passo por passo. De qualquer forma, Erastósthenes sabia, pelo menos aproximadamente, a distância entre Alexandria e Siena.
(Grupo de Estudo e Divulgação de Astronomia Intercampi-cefet-mg)
Depois de realizar os cálculos, Erastósthenes concluiu que a circunferência da Terra era aproximadamente de 252.000 estádios, unidade de medida usada naquele tempo na Grécia. Neste ponto há uma controvérsia, alguns historiadores dizem que Erastósthenes usou o estádio ático-italiano, o que resultaria em uma aproximação de 33.816 km. Outros dizem que ele usou o estádio egípcio, o que daria uma aproximação de 39.614 km. Em qualquer caso, são realmente boas aproximações considerando que a ciência moderna aceita 40.008km como circunferência do planeta. Um erro quase insignificante considerando a precariedade dos instrumentos de medição que ele usou para fazer suas estimativas.(GCFGlobal).
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